sábado, 14 de fevereiro de 2009
Tangente
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Ervas ou Shitake?
Respirei fundo, foi a melhor sensação que me ocorreu. Não me lembro de antes ter sentido um prazer tão imenso.
O dia passou arrastado. Ligações, relatórios... O relógio atrasava dois minutos para cada um que andava. 18:00h!
Voltei pro carro. Dei a partida e senti alguém batendo no vidro.
- DONA, ABRE A PORTA DO PASSAGEIRO. NÃO GRITA SE NÃO EU TE MATO!
Desnorteei, senti meus pés tremendo, e até pensei em rezar. Tudo passa muito rápido nessa hora.
- Vai Dona! Vai!
- Ok!
Foi a única coisa que eu falei. Queria parecer forte, mas chorava. Ele entrou no carro, bateu a porta e colocou o revólver na minha cara.
- Vamo dá um passeio! Cê vai fazer caminho que eu ti falá. Si buziná pra pulicia eu te mato, si dé algum sinal eu ti mato, si você passá num farol vermelho eu ti mato. E pára de chorá que eu num to afim de vê vagabunda chorando.
Minha mão sacolejava no volante. Ele colocou a mão sobre o banco e gritou para eu dirigir.
A rua onde eu parava o carro ficava duas travessas da rua da minha empresa. Era sempre escuro, mas eu não pagava estacionamento. Meu marido ainda falava:
- Por que você não pára no estacionamento? É mais seguro?
- Pagar 12 reais por dia? Isso, sim, é um assalto. - E eu retrucava.
Eu ficava lembrando disso, enquanto o filho da puta do meu lado ficava balbuciando.
- Eu tenho qui chegá na quebrada, tia! Vai logo! Si eu não chegá eu morro, mais você morre comigo.
Nesse momento ele deslizou a arma no meu cabelo e foi até o decote da minha blusa.
- Quero só vê a cara do Macaba, quando ele vê qui você tá no carro. Acho qui ele vai querer me pagá um extra, faz tempo que ele num vê muié. A dona é bunita, sabia?
Entrei em pânico, e troquei o pé. Acelerei mais do que freei. Um ônibus cruzava a minha frente quando o acelerador estava no máximo. Ao meu lado eu via um rosto de terror, de alguém que podia ver um filme diante dos seus olhos.
Lembro das sirenes, lembro das viaturas, e lembro também do bandido estar sem cinto de segurança quando eu bati no ônibus.
Fiquei em coma, por um dia. Politraumatismo. Quando acordei, a primeira coisa que lembrei foi do risoto. O olhar ficou perdido por algum tempo, por alguns dias, e hoje respirei fundo!
domingo, 18 de janeiro de 2009
De Boa
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Luz e Sombra
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
A Fenda
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Fios da Cidade
Sob o Sol
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Sob o sol, logo procurou a sobra da árvore para se esconder. Aquele calor fazia a pele suar e isso a incomodava. Já esperara sua carona centenas de vezes naquele local, mas nunca notou como eram confortáveis aquelas sombras. Ficou ali prestando atenção no vento e na vida. Sentou no meio fio e relaxou.
Lembrou de um tempo em que ela ainda sorria e deixava as pequenas coisa da vida lhe tocar. Lembrou de uma amiga de sua falecida mãe que dizia:
- Seja sempre essa criança que você é.
Um estalo lhe veio à mente. Caindo em si, notou que o bom da vida está exatamente em ressalvar coisas tão corriqueiras que os olhos ligeiros do dia-a-dia impedem de ver, olhos que percorrem o fim do caminho sem notar o meio, e quem dirá, o início, olhos que famintos pela ânsia de ser e estar atropelam o bom senso e marginalizam a vida de tal forma que nada mais pode ser feito, além de esperar por seu fim.
Gemeu baixinho, um choro frouxo, pois se dera conta que estava levando seu rebento para o mesmo caminho. O filho, ainda novo, já era só atribuições e não tinha tempo de buscar dentro dele o verdadeiro eu.
Aquilo que ela mais amava se tornara um soldado do tempo, sem pensar por si, simplesmente acompanhando aquilo que a vida lhe trazia e lhe tirava.
Quem determina minha vida é o tempo? Perguntou-se inúmeras vezes até que chegou a conclusão mais acertada de sua vida. Manter-se ali, embaixo daquela árvore e ouvir o vento soprar. Nada além disso.